Fernando Neves de Almeida reflecte sobre o papel em constante mudança na liderança e sobre o que os valores de cada um desempenham nesta posição.
Encontramo-nos num momento de disrupção global que exige uma mudança na liderança. São precisos líderes de uma pool de talento diversificada para potenciar o progresso económico e social e o desenvolvimento de valores e ideias que permitam cumprir os objetivos de negócio.
Um livro recente de uma manager reflete os desafios de uma empresa com equipas que se mexem e transforma rapidamente. É uma líder que fez trabalho de colaborador e de manager e subiu na empresa até ao ponto de estar a pensar no cenário maior.
E isto é muito importante. Não cair na armadilha de pensar que aquilo que funcionou em determinada situação serve a todas as outras. O aconselhamento é um ponto de partida que obriga a reflexão, trabalho árduo e tentativa e erro. Aconselhar não é passar uma receita.
“Um grupo de pessoas a trabalhar em uníssono é uma coisa maravilhosa a aspirar. Bem feito, deixa de ser sobre um ou outro individuo. Em vez disso, sente a energia de dezenas ou centenas ou mesmo milhares de corações e mentes apontadas a um propósito comum, orientadas por um valor partilhado. Se fazemos bem o nosso trabalho, então as nossas equipas vão progredir. Vamos construir algo que nos vai sobreviver, que será tornado mais forte por todos os que farão parte deste”, escreve a autora.
Este nível de elevação e sentimento de propósito não se sente todos os dias. No entanto, cada dia representa uma oportunidade para ganhos suplementares, ou para parar uma descida, ou apenas para ajudar as equipas a chegar ao dia seguinte. Isso pode ser visto como um fardo, e muitas vezes será sentido como tal. Mas todos os dias as equipas têm a oportunidade de crescer e aprender e ter sucesso. Há vantagem numa liderança transparente em relação ao que somos e aquilo que nos move.
“À medida que dei mais primazia aquilo em que acredito, ninguém, nem uma única vez, me disse que é irritante ou condescendente. Em vez disso, o feedback e o oposto – falar sobre os valores torna-o um líder mais autêntico e inspirador”, acrescentou a mesma autora.
Os managers, mesmo os mais em baixo na hierarquia, têm de ser educados, empoderados e engajados. É assim que se forma e mantem a cultura da organização, é assim que as empresas se sustentam no dia a dia. Mas esses managers vivem na estrutura que o CEO e os outros executivos estabelecem.
Como manager, ou como líder, a sua influência é maior do que poderia pensar. Mas quando se olha para os líderes mais inspiradores, ou carismáticos, ou poderosos, há que lembrar que a maioria de nós não partilha as suas circunstâncias, ou a sua posição de poder. Mesmo que haja identificação com alguns deles e as suas ideias, há muitas vezes demasiadas coisas a acontecer na nossa gestão para se poder refletir no ideal de liderança.
Ainda assim, lembrar que a cultura da organização é criada pelas ações dos líderes e, por isso, a cultura organizacional e a liderança devem ter a preocupação de criar um ambiente propício ao desempenho das atividades, sendo que a cultura da organização é criada pelas ações dos líderes.